quinta-feira, 24 de abril de 2008

Rats Capable Of Reflecting On Mental Processes

e as fronteiras vão caindo... Como diria Jorjão, olharemos para qual lado, o dos Deuses ou dos Procariontes?

Rats Capable Of Reflecting On Mental Processes

ScienceDaily (Mar. 9, 2007)
Let's say a college student enters a classroom to take a test. She probably already has an idea how she will do on the test, before she even takes out a pencil. But do animals possess the
same ability to think about what they know or don't know?

A new study by researchers from the University of Georgia, just published in the journal Current Biology, shows that laboratory rats do. It's the first demonstration that any non-primate knows when it doesn't know something, and it could open the way to more in-depth studies about how animals--and humans--think.

"This kind of research may change how we think about cognition and memory in animals," said Jonathon Crystal, an associate professor of psychology in UGA's Franklin College of Arts and Sciences. Crystal's co-author on the paper is Allison Foote, a graduate student in the department of psychology at UGA.

Researchers have believed for some time that people and non-human primates are capable of metacognition"--reasoning or thinking about one's own thinking. There have been studies on birds about this kind of thinking process, but results thus far have been inconclusive. The new study is the first that shows a non-primate species has metacognition--a proposal that may well be controversial.

The study involved what is called a "duration-discrimination" test--offering rats rewards for classifying a signal as either short or long. As in most such tests, the "right" answer led to a large food reward, while a "wrong" answer led to no reward at all. The twist, however, is that before taking the duration test, the rats were given the chance to decline the test completely. If they made that choice, they got a small reward anyway.

"If rats have knowledge about whether they know or don't know the answer to the test, we would expect them to decline most frequently on difficult tests," said Crystal. "They would also show the lowest accuracy on difficult
tests that they can't decline. Our data showed both to be true, suggesting the rats have knowledge of their own cognitive states."

It's easy to find out when humans believe they know or don't know the answer to a task or test. You just ask them. With non-verbal animals, it is necessary to used experimental conditions in which a subject can demonstrate
knowledge of a cognitive state through its behavior.

The tests asked the rats to discriminate among a number of responses. Sometimes, the choices were relatively easy, and the rats were able to make a choice that generated a large reward. But often, the choices were quite
difficult, and the animals faced a dilemma: Should they continue and take a
chance on the test with the risk of no food reward, or should they just bai=
l
out and take the small, but guaranteed reward?

One part of the problem, for example, was presenting the rats with a sound and asking them to determine if it was "short" or "long." When the sounds were near the extremes of either end, discriminating was easy. But for sounds with durations in the mid-range, the rats found it extremely hard to know if they were "short" or "long." So what should they do: Guess and possibly be wrong, or simply refuse to take the test and get a small reward?

"Our research showed that the rats know when they don't know the answer to a question," said Crystal.

The results of the just-published study present a dilemma for those who had previously believed that only primates could achieve metacognition. But it also presents a rodent model that should allow researchers to understand better what animals are "cognitively sophisticated" and why. The research will also open new lines of inquiry about the underlying neural mechanisms of this ability. Reflecting on one's own mental experiences is a defining feature of human existence, and the demonstration of metacognition in rats suggests that this type of cognition may be widespread among animals. Does it mean, for example, that rats are "conscious," and could that also be true of other non-primates?

The research was supported by a grant from the National Institute of Mental Health.

sábado, 12 de abril de 2008

A Missão da Psicologia

Carl Rogers, o primeiro psicólogo de formação a formular uma teoria psicoterápica e brilhante expoente da Psicologia Humanista, dizia que seria muito mais produtivo e econômico pararmos de treinar psicoterapêutas e nos focarmos em identificá-los. Estaria Rogers sendo determinista, declarando que é inútil treinarmos pessoas que não nasceram terapeutas? Qualquer um que tenha lido algo escrito por ele dirá que não. O que Rogers quis dizer com isso é que a formação psicoterápica (pelo menos de seu tempo) era falha, e que bons psicólogos e psiquiatras clínicos eram bons apesar de seu treinamento, e graças aos seus talentos pessoais. Esta crença foi corroborada por pesquisas realizadas muito tempo depois de Rogers ter partido, em especial a análise feita por Martin Seligman baseado nos dados coletados pela revista Consumer Reports. Basicamente, os dados revelavam que não havia diferença palpável entre as escolas de terapia utilizadas. Ademais, a maioria dos psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais depois contatados definiram-se como sendo “ecléticos”, ao invés de presos por juramento a uma teoria específica. Com base nestes dados, podemos pensar que as teorias atuais de psicologia e psiquiatria diferem apenas em um nível muito superficial, e que todas sustentam-se sob uma base comum – coisas que todo bom psicoterapeuta faz em terapia, independente de sua filiação intelectual. Esses hábitos mais profundos são senso comum entre bons clínicos, mas não o é entre muitos professores universitários, que, pressionados pelo clima de guerra intelectual, focam-se em diferenças epistemológicas e ontológicas bobocas uns contra os outros, e que na melhor das hipóteses esquecem de ensinar o óbvio, e na pior, as abominam e repreendem estudantes que as buscam ou praticam (o que, mais uma vez, mostra que selecionar psicoterapeutas talvez fosse melhor do que treiná-los).

Mas o que são essas boas práticas comuns para os bons clínicos, que escapam a visão mais ampla dos acadêmicos? Coisas absolutamente bobas, que qualquer pessoa de bom coração já faz: demonstrar empatia, escutar com atenção, construir relações de confiança e honestidade, e reforçar as qualidades dos pacientes. Martin Seligman chama estas práticas “estratégias profundas”. Pode parecer bobice isso que eu disse, mas mais bobice ainda é o fato de que, por mais necessárias que estas qualidades sejam para um bom psicoterapeuta, os professores dos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia as ignorem. Por que isso acontece? Basicamente, quando a Psicologia foi estabelecida como ciência da saúde, depois da Segunda Guerra Mundial, ela adotou o modelo médico-psiquiátrico de clínica e pesquisa – procure uma doença, encontre e cure. Este modelo funciona muito bem para doenças mais palpáveis, como cardiopatias e dores musculares, mas não é tão eficaz com os elusivos problemas do ramo da psicopatologia. Eu posso identificar a etiologia de um infarto (fumo, bebida, sedentarismo, propensão genética), mas eu posso fazer o mesmo com a depressão? O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) da American Psychiatric Association mostra que isso não é possível ainda, já que limita-se a descrever a sintomatologia. Esta lacuna dá espaço para muitas teorizações diversas e frequentemente conflitantes, o que permite que não exista contradição para um estudante de Psicologia ter na faculdade aulas de neurofisiologia, psicanálise lacaniana e análise experimental do comportamento. E aqui, volto para o problema das guerras teóricas entre acadêmicos, completando um ciclo.

Mas por que o modelo médico-psiquiátrico não obteve os mesmos progressos que obteve na cardiologia no campo da psicologia? Pega o DSM e lê algumas páginas. Além de ser surpreendentemente hilariante (como no caso do Transtorno de Pica), é possível perceber um padrão claro no que lá está escrito. Sendo meio ingênuo, só tem coisa ruim. O DSM é um manual incrivelmente útil e um progresso na prática diagnóstica, mas é severamente limitado por focar-se apenas em consertar o que está quebrado ao invés de fortalecer o que há de bom. E é esta a tese que Martin Seligman, ex-presidente da American Psychological Association e um dos precursores do movimento da Psicologia Positiva propõe. Segundo ele, e muitos outros pesquisadores importantes, a Psicologia obteve progressos consideráveis utilizando-se do modelo patológico (encontre o problema e o conserte), tanto que hoje em dia é possível atenuar enormemente os problemas de 14 transtornos mentais. Entretanto, esse modelo por si só está esgotado. A Psicologia tinha três missões antes da Segunda Guerra: curar as doenças mentais, fazer as vidas das pessoas mais felizes e estimular as habilidades de gênios e prodígios. Entretanto, pela doença ter se tornado o problema mais urgente naquela época, e o dinheiro de financiamento para pesquisas ter ido todo para quem buscava consertar doenças mentais, as outras duas foram sumariamente negligenciadas. Entretanto, os clínicos continuaram tacitamente a cultivar as virtudes dos pacientes, apesar de não o perceberem (ou aprovarem conscientemente tais práticas). O exemplo mais óbvio disto vem do próprio Freud. Em 1892, ele tratou e curou Elisabeth von R., uma jovem histérica que apaixonara-se pelo viúvo de sua irmã, e que por isso desenvolveu um problema psicogênico para caminhar. Freud originalmente concluiu que o êxito do tratamento devia-se a sua técnica psicanalítica, mas ao revisar suas anotações sobre o caso, percebeu que suas técnicas terapêuticas nada adicionaram de relevante ao tratamento, o que o levou a concluir que foi um “milagre”. Entretanto, se lermos o caso todo (como Irvin Yalom), veremos que Freud não se limitou ao seu consultório: falou com a mãe da paciente para que esta desse apoio emocional para a filha, constantemente tranqüilizou a paciente de que ela não era uma imoral, bem pelo contrário, que só uma pessoa muito honrada e nobre poderia sentir-se culpada por seus pensamentos, e quando Elisabeth estava curada, Freud foi vê-la dançar em um baile. O brilhante pai da psicanálise fez tudo o que um bom terapeuta faria: estabeleceu uma relação de confiança e honestidade com a paciente, foi um bom ouvinte e fortaleceu o que havia de bom em Elisabeth. Mas apesar de seu sucesso, ele foi incapaz de perceber a mágica que fizera, e preferiu ir chafurdar em sua nihilsta teoria da psicodinâmica e do Complexo de Édipo.

Durante quase todo o século XX, a Psicologia tentou imitar a Medicina, e deixou de lado as qualidades humanas, com as notáveis exceções dos psicólogos humanistas Carl Rogers, Abraham Maslow e William James, homens notáveis que cometeram o erro de nascerem em épocas em que suas teorias positivas a respeito da natureza humana não seriam valorizadas, preteridas em benefício de outras, que consideram as pessoas amontoados de emoções negativas e falsidade, ou o tracinho entre um estímulo e uma resposta. Mas suas obras estão sendo retomadas agora com grande ímpeto por milhares de pesquisadores, não só clínicos, mas também sociólogos, antropólogos, economistas e pesquisadores. Um dos mais notáveis esforços de pesquisa empreendidos até o momento foi a criação de um manual taxonômico de qualidades e valores, em moldes parecidos com o DSM.

Os proponentes da Psicologia Positiva não a imaginam como uma “revolução paradigmática” de que Thomas Kuhn falava (aliás, Seligman admite estar um pouco de saco cheio dessa abordagem histórica), pois não buscam destruir a antiga Psicologia “Negativa”. Na verdade, pretendem apenas complementá-la, e estudar o que até então fora negligenciado, utilizando-se das mesmas ferramentas metodológicas atualmente empregadas.

A Psicologia é ao mesmo tempo ciência da saúde e humana, o que implica que ela, ao mesmo tempo que busca tornar as vidas de todos os seres humanos mais saudáveis, também transcende o sistema de saúde, pois busca tornar nossas vidas mais do que meramente assintomáticas expressões de vida; até então, ela buscou apenas nos tirar de um nível -5 de felicidade para um nível 0. A Psicologia Positiva propõe irmos do 0 para o +5 em felicidade, e não só isso: que esta vida seja produtiva e que tenha um significado. Martin Seligman diz que, tornar a vida das pessoas melhor em todos os seus aspectos é o direito e a missão da Psicologia. Agora é a hora de tomá-la de volta em nossas mãos, e fazê-la acontecer.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Cambridge, MA

Abstract:

O texto redigido aqui consiste em reproduzir de maneira verbal a minha experiência de presenciar uma aula com o Prof. Steven Pinker em Harvard.

Participantes: R. S. Kreitchmann, Prof. Steven Pinker, e aproximadamente 100 outros seres humanos insignificantes durante a história.


O Ambiente


Para aqueles que não sabem, Harvard localiza-se numa cidade chamada Cambridge, que fica próxima a Boston, apenas sendo separada por um rio. Para chegar nesta cidade, basta entrar em um metrô (lá eles chamam de "T") da linha vermelha, em sentido Alewife, e descer na estação Harvard Square. É interessante comentar que neste percurso passamos também pelo MIT.

Chegando na quadra da universidade, podemos ver prédios razoavelmente antigos (de 1800, pelo que parecem), mas imitando estilos ainda mais antigos. Há esquilos correndo na grama e restos de neve varrida aos cantos dos muros que cercam a universidade.

No meio desses prédios antigos há um grande prédio moderno, de vidro e concreto, no qual está escrito "Science Center", e é lá onde estudam ou estudaram alguns dos psicólogos mais citados no meio científico, longe de estar perto da nossa querida UFRGS. Devo dizer que no hall desse prédio há vários computadores disponíveis para o acesso dos estudantes e uma fórmula da Etanolamina pairando acima das escadas, significando a origem da vida (diferente dos que defendem a existência de uma alma como origem da vida).
A sala onde ocorreu a aula chamava-se "Conference Room B", tinha visual próximo ao de uma sala de cinema, com fileiras de cadeiras estofadas organizadas em patamares. Na frente da sala havia uma tela que aparentava ter uns milhares de polegadas, onde foram projetados os slides do Prof. Pinker.


A Aula


A aula apresentada pelo Professor Pinker tinha como tema as principais teorias da psicologia (assim consideradas pelo prof.), sendo elas a Psicanálise, o Behaviorismo e o Cognitivismo.

Foram trazidas então as principais características de cada teoria, como era de se esperar. No entanto, além do conteúdo básico, Pinker ainda enriqueceu a aula com piadas e críticas (bem fundamentadas) às duas primeiras teorias citadas acima.

Também foi apresentada a utilização dessas teorias no cotidiano dos EUA, através da linguagem, em frases do tipo "He drives that Corvette cause it's really phallic." ou "He's fat because he was brought up to associate food with love."

Porém, diferentemente das aulas dadas na UFRGS, após a apresentação de cada teoria, ainda era apresentada uma avaliação científica da eficácia da terapia dessa mesma teoria. Algo que traz um pouco de cientificidade até mesmo à Psicanálise.

Só fiquei impressionado que em nenhum momento das apresentações foi apresentado um enfoque à pesquisa, e apenas à clínica.

De qualquer modo, essa única aula equivaleu a quase que 1 semestre inteiro de introdução à Psicologia.

Ah, os slides da aula do Pinker eu posso emprestar caso alguem queira...

Link interessante:

Aqui tá o link do MBB (Mind, Brain and Behavior) de Harvard: http://mbb.harvard.edu/