domingo, 30 de dezembro de 2007

O que é um Amolador?

Considerando que este blog é completamente novo, sem nada de muito interessante para mostrar, acredito que devo, como primeiro membro a postar algo aqui, falar a respeito do nome do nosso blog: por que "Amoladores de Facas"?

Para começo de conversa, nós amoladores somos muito diferentes uns dos outros, mas temos pelo menos três coisas em comum. A primeira coisa em comum é que todos nós estudamos Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de agora em diante chamada apenas de UFRGS, URGS ou A Grande Mãe Urguis.

A segunda coisa que temos em comum é nossa parca paciência com certas linhas teóricas que existem dentro da Psicologia. Não tanto contra suas idéias, mas contra suas atitudes dogmáticas, avessas à mudanças e, mais importante, anticientíficas. Não é uma ou outra linha específica, pois cada um de nós tem um asco pessoal (eu por exemplo, tenho minhas diferenças com a Psicanálise a nós ensinada). Poderíamos chamar este ponto em comum de "Espírito Crítico". Nem por isso somos menos contraditórios, pois, por mais que detestemos discussões epistemológicas vazias, as quais gosto de chamar de "punhetas intelectuais" por apenas jogarem fora células saudáveis no lixo, sempre acabamos caindo nelas, e até criando blogs para facilitar nossas punhetas intelectuais!

A terceira coisa em comum é nosso espírito de porco. Nas salas de aula, geralmente escolhemos as mesas do fundo (sim, Amoladores e Turma do Fundão são quase sinônimos), para que tenhamos um local seguro para largar nossas bombas durante as aulas, conversar sobre Pokemons ou simplesmente dormir. Também temos um gosto especial em perder tempo com coisas inúteis, como criar escalas psicométricas que medem o nível de chinelagem acadêmica, desenvolver teorias sobre comportamentos sexuais em filhos únicos e outras bobagens igualmente inúteis. Nesta mesma categoria, posso dizer que não somos muito afeitos ao "bom mocismo" e atitudes politicamente corretas.

E apesar de ter dito que temos pelo menos três coisas em comum, nós temos uma quarta coisa também: geralmente, gostamos e defendemos as Ciências do Comportamento, as Neurociências, Psiquiatria e até as Engenharias. Por que? Por que ninguém além de nós gosta destas disciplinas lá no Instituto de Psicologia da UFRGS. E por que elas são legais.

Bem, até agora, falei da nossa personalidade debochada e dos nossos gostos em comum, mas não falei nada sobre o nome do nosso "clubinho". Afinal, por que alguém em sã consciência seria um "Amolador de Facas"? Eu explico.

No primeiro semestre de 2007, primeiro semestre na faculdade para muitos de nós, tivemos a grata satisfação de ler para a disciplina de Psicologia Social I um texto de um senhor considerado muito importante por muita gente, mas obviamente não por mim, considerando que já esqueci seu nome e o título do referido texto. Aliás, esqueci quase tudo o que aquele prolixo senhor dizia nele (não gostamos de gente prolixa, a propósito). Só lembro de uma coisa: que ele detestava as pessoas que ele denominava de "amoladores de facas". Segundo ele, amoladores de faca são os que afiam as facas que a sociedade disciplinar opressiva (ou alguma coisa do gênero) crava na barriga dos fracos. Estes amoladores são Psicólogos Comportamentais, Neurociêntistas, Psiquiátras, engenheiros e pessoas omissas que não fazem nada para impedir os "maudosos", toda essa corja que gosta de ser metódica ao invés de ficar fazendo poesia pra salvar o mundo. Por que pra salvar o mundo tem que ir pro lado "subjetivo" e só. Nada contra a poesia, mas ela sozinha não é capaz de fazer muita coisa, apesar do que nossos amiguinhos (adoramos chamar todo mundo de "amiguinho", igualzinho ao palhaço Gozo) dizem. Acreditamos que só podemos obter algum progresso na Psicologia com métodos rigorosos e disciplinados, sendo críticos em relação a nossas práticas e a nós mesmos, e que qualquer um pode fazer isto (psicanalistas inclusive. Ou já esqueceram do amigo John Bowlby?).

Bem, acho que consegui pintar um retrato mais ou menos acurado de nós mesmos e do que gostamos. Não espero que você, leitor desprevinido, goste de nossas opiniões e que volte sempre. Aliás, é muito provável que após ler nossos textos, você deixe um comentário desaforado e nunca mais apareça, exceto quando estiver de muito mau humor e com desejos de nos xingar (o sistema deste blog não permite comentários anônimos, já vou avisando). Aprendi que "debates de alto nível" geralmente não são tão alto nível assim, e que as partes envolvidas quase sempre levam o assunto para o lado pessoal. Mas eu gosto de agir como um idiota, e espero (sentado) que pessoas inteligentes e capazes de diferenciar assuntos teóricos de assuntos pessoais leiam e comentem nossos textos, contribuindo para nosso crescimento intelectual.

E já estou esperando um comentário listando todos os mentalismos utilizados neste texto, por que fui condicionado para tanto.

3 comentários:

R.S. Kreitchmann disse...

Com certeza, uma forte 'tendência' ao mentalismo. E à prolixidez, que se diga de passagem.
Dei longas risadas (38 segundos) ao ler que um ponto em comum entre os Amoladores é seus "Espíritos Críticos".
Outra coisa a se comentar é que dizer que "muitos de nós" iniciamos a UFRGS em 2007 não tem dados empíricos, uma vez que "muitos" não teve uma definição operacional adequada. E, retificando, 5, sobre os 10 Amoladores participantes do grupo de e-mails, iniciaram a faculdade em 2007, ou seja, exatamente metade.

Andarilho disse...

R.S.! Estais vivo e com vontade de torrar a paciência! Saudável, portanto.

Eu não defini quanto seria estes "muitos" pra dar a impressão de que somos pelo menos uns 300, mas agora tu entregou que somos no máximo 10. Mesmo assim, 50% é estatisticamente relevante.

E qual é a graça do "espírito crítico"? A gente deveria ter um pouco (pelo menos. Eu espero).

R.S. Kreitchmann disse...

estou vivo e me comportando. se tenho "vontades" ou não, seria uma outra longa discução. A graça do "espírito crítico" é usar o termo "espírito" para descrever um comportamento de criticar. uhauaehueah.